NOVAS TECNOLOGIAS, NOVOS SABERES E NOVAS FORMAS DE APRENDER

NOVAS TECNOLOGIAS, NOVOS SABERES E NOVAS FORMAS DE APRENDER
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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

NOVAS TECNOLOGIAS E NOVAS FORMAS DE APRENDER


A tecnologia não é neutra e ao ser aplicada a um determinado contexto social altera as relações de trabalho e de produção, criando uma série de benefícios. E se pensarmos em uma escola que torne possível a aprovação e o uso deste e de outros instrumentos tecnológicos significativos que favoreçam o processo de mudança social, evitaremos que o ensino se torne menos distante das transformações que ocorrem na sociedade.
É preciso entender que não é simplesmente modernizando as técnicas, que acontecerão melhorias no processo educativo. Para introduzir novas tecnologias na escola, é preciso que a própria escola defina que tipo de indivíduos ela que formar, e que as novas tecnologias apareçam fazendo parte de um processo de mudança na organização escolar e no trabalho docente. É muito importante que a escola acompanhe a evolução científica e tecnológica para que os jovens se preparem para as transformações que estão ocorrendo e as que provavelmente virão a ocorrer com a introdução em massa de novos recursos tecnológicos na sociedade.
 A extensão do uso de novas tecnologias à escola não pode limitar‑se simplesmente ao treinamento de professores no uso de mais uma tecnologia, tornando‑se meros repetidores de experiências que nada acrescentam de significativo à Educação. O fundamental é levar os professores a apropriarem criticamente essas tecnologias, descobrindo as possibilidades de utilização que elas colocam à disposição da aprendizagem do aluno, e favorecendo  dessa  forma  o repensar do próprio ato de ensinar.
                              Um dos cuidados essenciais a ser tomado na utilização de tecnologias na escola é o de sensibilizar os professores para o uso crítico da Informática, tendo em vista a Educação como um todo, a produção de softwares adequados a cada realidade educativa, bem como mudanças qualitativamente desejáveis no processo de ensino‑aprendizagem. A simples modernização de técnicas não garante melhorias significativas no processo educativo. O modo de viabilizar uma educação de qualidade precisa estar calcado em fundamentos psico‑pedagógicos que explicitem uma certa concepção de ensino e aprendizagem.

 FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM NOVAS TECNOLOGIAS

Um professor consciente e crítico é capaz de compreender a influência da tecnologia no mundo moderno e é capaz de colocá-la a serviço da educação e da formação de seus alunos, articulando as diversas dimensões de sua prática docente, no papel de um agente de mudança.
As mudanças que as tecnologias favorecem na postura do professor em aula ajudam os alunos a estabelecerem um elo de ligação entre os conhecimentos acadêmicos com os adquiridos e vivenciados, ocorrendo uma troca de idéias e experiências, em que o professor se coloca na posição do aluno, aprendendo com a experiência deste. Durante as aulas os alunos são levados a pesquisar e estudar individualmente, a buscar informações e dados novos para serem trazidos para estudo e debates em aula. Enfatiza-se uma aprendizagem ativa e um processo de descobertas dirigidas. Incentiva-se a aprendizagem interativa em pequenos grupos. Discutem-se temas e assuntos atuais, de forma abrangente, complexa e integrando seus diversos aspectos. Integra-se efetivamente teoria e prática, conhecimento e realidade desde o início do curso, aprendendo na ação.
É muito difícil, através dos meios convencionais, preparar professores para usar adequadamente as novas tecnologias. É preciso formá-los do mesmo modo que se espera que eles atuem no local de trabalho, no entanto, as novas tecnologias e seu impacto na sociedade são aspectos pouco trabalhados nos cursos de formação de professores, e as oportunidades de se atualizarem nem sempre são as mais adequadas à sua realidade e às suas necessidades.
O professor com escassa e deficiente educação geral, produto de uma escola pública de má qualidade em cuja transformação se pretende integrá-los, com mínima ou nenhuma formação para a docência, com limitado contato com os livros, com os recursos tecnológicos ou a produção científica contemporânea. Este é o perfil do professor em países em desenvolvimento na atualidade, no qual os candidatos a docência provém majoritariamente de estratos sócio-econômicos ocupacionalmente baixos.
            Os professores, para fazer uso efetivo das várias tecnologias, de modo a oferecer aos alunos as experiências educacionais que serão exigidas na próxima década, preparando-os para seu papel na sociedade modernas, precisam entender que a entrada da sociedade na era da informação exige habilidades que não têm  sido desenvolvidas nas escola, e que a capacidade das novas tecnologias de propiciar aquisição de conhecimento individual e independente implica num currículo mais flexível e depende deles a condução das mudanças.
A aprendizagem da utilização educativa das novas tecnologias envolve um processo de integração numa comunidade, na escola. Mas este processo de integração não envolve apenas transmissão de informação de “quem sabe” para quem “não sabe”. A integração na comunidade é um processo de construção de significados e práticas partilhadas coletivamente, que engloba a natureza dos novos meios, como a informação, comunicação e interação, considerando a incerteza, a interdependência e a contextualidade.
                              Neste contexto, o professor observa na produção do aluno, o desenvolvimento do mesmo em busca de novos conhecimentos, como conseqüência de seu trabalho docente, criando espaços de aprendizagem em que o aprendiz é desafiado a aprender, em condições de resolver os problemas e sistematizar os novos conhecimentos, com autonomia e criatividade. Um dos papéis do professor é o reconhecimento das características individuais do outro, enquanto ser que aprende a aprender, considerando o contexto sócio-cultural em que vive, sendo mediador das informações e motivador no processo de aprendizagem. O professor é um orientador de estudos, que tem conhecimento de conteúdos, raciocínio e compromisso em ser melhor. É um “artesão”, pesquisador ou coordenador de projetos educacionais, é o professor com domínio das novas tecnologias da educação.
A integração do trabalho com as novas tecnologias no currículo, como ferramentas, exige uma reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes habilidades e seus pré‑requisitos, enfim, ao próprio significado da Educação.
As tentativas para incluir o estudo das novas tecnologias nos currículos dos cursos de formação de professores esbarram nas dificuldades com o investimento exigido para a aquisição de equipamentos, e na falta de professores capazes de superar preconceitos e práticas que rejeitam a tecnologia mantendo uma formação em que predomina a reprodução de modelos substituíveis por outros mais adequados à problemática educacional.
Os professores são profissionais que tem uma função re(criadora) sistemática, sendo esta a única forma de proceder quando se tem alunos e contextos de ensino com características tão diversificadas, como sucede em todos os níveis de ensino. A função do professor é a criação e recriação sistemática, que tem em conta o contexto em que se desenvolve a sua atividade e a população-alvo desta atividade.
                              O professor, ao estimular a pesquisa e o pensamento, coloca-se a caminho com o aluno, estando aberto à riqueza da exploração e à descoberta de que ele também pode aprender com o aluno. Considerando a formação do professor, este, durante e ao final do processo de formação, precisa incorporar na sua metodologia:
·      o conhecimento das novas tecnologias e da maneira de aplicá-las;
·      a promoção da aprendizagem do aluno, para construção do conhecimento num ambiente telemático que o desafia, motiva para a exploração e a reflexão, propondo planos que resultem em trabalho cooperativo realizado por todos os envolvidos no processo de aprendizagem;
·      o estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser veiculado através da telemática, saber pesquisar e transmitir o gosto pela investigação a alunos de todos os níveis;
·      a capacidade de provocar hipóteses e deduções que possam servir de base à construção e compreensão de conceitos;
·      a habilidade de permitir que o aluno justifique as hipóteses que construiu e as discuta;
·      a especialidade de conduzir a análise grupal a níveis satisfatórios de conclusão do grupo a partir de posições diferentes ou encaminhamentos diferentes do problema;
·      a capacidade de divulgar os resultados da análise individual e grupal de tal forma que cada situação suscite novos problemas que sejam interessantes à pesquisa;
·      a habilidade de interligar todo o processo à busca de novos parâmetros e novos conteúdos que possam ser simulados através da construção de programas pelo computador.
                              Diante dos pontos levantados, a formação do professor envolve trabalho científico, rigor e abertura para um trabalho não diretivo em que se aproveitem as contribuições individuais ou grupais e o papel do professor frente as novas tecnologias passa pela delimitação da natureza do trabalho e a proposta pedagógica que o mesmo possibilita.
                              As visões tradicionais do ensino, ligadas ao processo de aprendizagem mecânica e automática levam ao esboço de um treinamento em linguagem de programação, em que o conteúdo tem a prioridade sobre o processo. No entanto, o perfil do professor se altera, trata-se de abordagem do conteúdo e cabe ao professor estimular a pesquisa nos educandos ou nos professores. O papel do professor não é tornar fáceis os conteúdos que ensina, mas modelar no sentido de apontar, no ambiente escolar, junto com os alunos, a situação-problema. Através dessa postura, estabelece-se a mobilização de estruturas lógicas no sentido de criar uma trajetória para a solução ou um encaminhamento de hipóteses visando a solucionar os desafios, possibilitando discussão em grupo do problema, das hipóteses e avaliação da melhor solução proposta para a situação-problema; encorajando no aluno a descoberta pessoal, o senso de auto-confiança e a análise em grupo do problema, encaminhando-o em termos de aprendizagem cooperativa; despertando a validade do domínio dos processos cognitivos com referência às ações e operações com o conteúdo.
                              Construir uma resposta adequada à formação de um profissional crítico e competente tendo as novas tecnologias como carro-chefe e contribuir de forma organizada para as modificações das relações de trabalho predominantes no sistema educacional, é uma das exigências da revolução tecnológica em curso.
                              A capacitação de professores é fundamental para o sucesso da utilização das novas tecnologias como ferramentas de apoio no ensino. As possibilidades cada dia mais ampliadas do uso da telemática educativa, tornam-se imprescindível dotar os professores da capacidade de navegar no ciberespaço, pois o professor é a mola mestra no processo de utilização das novas tecnologias na escola e para que haja uma real integração entre estas tecnologias inovadoras e o processo educativo, precisa estar engajado no processo, consciente das reais capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas limitações para que possa selecionar qual é a melhor utilização a ser explorada com um determinado conteúdo.
                              A formação de professores frente à introdução de novas tecnologias, exige uma reformulação das metodologias de ensino e um repensar de suas práticas pedagógicas, permitindo auxiliar o professor ampliando e fortalecendo experiências de aplicação das mesmas no processo ensino-aprendizagem e adequando os recursos destas tecnologias como ferramentas pedagógicas.
                              Uma formação em novas tecnologias prevê um espaço para o participante entender e dominar estas tecnologias e propiciar conhecimentos sólidos nas áreas de Psicologia do Desenvolvimento, Ciência da Educação e Tecnologia Educacional. Com isto, o professor não só está apto a desenvolver atividades de integração de tecnologias em educação como trabalhar em grupos desenvolvendo formas de utilizar  as tecnologias com finalidade educacional. Essa capacitação exige:
·      desenvolver o sentido de profissionalismo na ação docente e valorizar a prática pedagógica docente como fonte de reflexões, de pesquisa e de conhecimento;
·      desenvolver conhecimentos, usando e valorizando os recursos tecnológicos nas atividades educacionais;
·      realizar formação continuada em serviço, abrindo espaços para que professores troquem experiências, desenvolvam atividades em equipe, valorizando o intercâmbio, aprendizagem com todos os membros do grupo;
·      desenvolver a reflexão crítica e elaboração de pensamento autônomo, através da troca de experiências com seus pares, permitindo a produção de conhecimentos novos e a partilha desses saberes com todo o grupo. Essa cooperação, local e inter-regional, precisa ser estimulada através de encontros periódicos e jornais para a troca de experiências e de programas;
·      apropriar-se das novas tecnologias como uma ferramenta e não como algo imposto externamente, enfatizando-se atitudes pedagógicas de inovação e interação nas equipes interdisciplinares.
            Esta formação propicia condições necessárias para que o professor domine as novas tecnologias e se sinta confortável e não ameaçado por estas. O objetivo desta formação, além da aquisição de metodologias de ensino é conhecer profundamente o processo de aprendizagem, como ele acontece e como intervir de maneira efetiva na relação professor-aluno-computador, propiciando ao aluno condições favoráveis para a construção do conhecimento. Para esse profissional, a ênfase da formação está na criação de ambientes educacionais de aprendizagem, nos quais o aluno executa e vivencia uma determinada experiência, ao invés de receber do professor o assunto já pronto.
O processo de preparação dos professores, atualmente, consiste em cursos ou treinamentos com pequena duração, para exploração de determinados programas, cabendo ao professor o desenvolvimento de atividades com essa nova ferramenta junto aos alunos, sem que tenha oportunidade de analisar as dificuldades e potencialidades de seu uso na prática pedagógica.
Estas mudanças exigem uma profunda alteração curricular, em que os conteúdos acumulados pela humanidade serão os objetos do conhecimento, mas os novos problemas e os projetos para suas soluções comporão os procedimentos e atividades que serão avaliados pelas escolas para constatar sua eficácia. Para inovações novos instrumentos e utensílios serão necessários, entre eles as estradas da comunicação como a Internet e a capacitação docente para o domínio das novas tecnologias.
A formação de professores em novas tecnologias deve permitir que cada professor perceba, desde sua própria realidade, interesses e expectativas, de como estas tecnologias podem ser útil a ele. O uso efetivo da tecnologia por parte dos alunos, passa primeiro por uma assimilação da tecnologia pelos professores. Se quem introduz os computadores nas escolas, o fazem sem atenção aos professores, o uso que os alunos fazem deles é de pouca qualidade e utilidade. Além disso, o fato de só colocar computadores em uma escola raras vezes traz impacto significativo. Para atingir efeitos positivos, é fundamental considerar uma capacitação intensiva inicial e um apoio gradual e contínuo a longo prazo, começando com os professores, quem a sua vez, poderão capacitar a seus alunos. É necessário planejar a integração da tecnologia na cultura da escola, fenômeno de avaliação gradual, que requer apoio externo.
O professor não será apenas aquele que passa as informações. Com o avanço tecnológico na educação, mais do que nunca o professor necessita atualizar-se, pois a Internet ai está com os seus desafios. E para assumir o papel de coordenador do ensino-aprendizagem, o professor precisa de uma preparação maior, uma formação melhor, uma busca constante de conhecimentos, mais informação, para que ele tenha condições de trabalhar esses conhecimentos, comparando, discutindo e interagindo. É preciso melhorar os ambientes de aprendizagem, melhorar a formação dos professores e integrar projetos em redes telemáticas, integrando os métodos já conhecidos com novas formas de aprendizagem.
Se espera do professor no século XXI que ele seja aquele que ajude a tecer a trama do desenvolvimento individual e coletivo e que saiba manejar os instrumentos que a cultura irá indicar como representativos dos modos de viver e de pensar civilizados, específicos dos novos tempos. Para isso, ainda são necessárias muitas pesquisas em novas tecnologias da informação, modelos cognitivos, interações entre pares, aprendizagem cooperativa, adequados ao modelo baseado em tecnologia, que oriente a formação de professores no seu desenvolvimento e ofereça alguns parâmetros para a tarefa docente nesta perspectiva.

 Texto extraído do site: http://www.cedu.ufal.br do artigo NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: NOVOS CENÁRIOS DE APRENDIZAGEM E FORMAÇÃO DE PROFESSORES de  Luís Paulo Leopoldo Mercado
Departamento de Fundamentos da Educação
Universidade Federal de Alagoas







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